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Pronto para testar seus conhecimentos sobre via aérea? Esse é o tema do quiz#26!
O quiz é oportunidade de testar seus conhecimentos sobre temas importantes do dia a dia do atendimento na emergência, pré-hospitalar e terapia intensiva.
Para aprofundar seus estudos, não deixe de consultar as referências bibliográficas.
Vamos lá?
Questão
Paciente masculino, 58 anos, IMC: 34, hipertenso, tabagista e diabético é atendido na Sala de Emergência com queixa de falta de ar importante de dois dias de evolução com piora há algumas horas.
O exame físico revelou: MEG, respiração de Kussmaul, corado, hidratado. Escala de Coma de Glasgow: 15, PA 150X90 mmHg, FC 115 bpm, FR: 34 irpm, Glicemia Capilar: HI (>600 mg/dL), ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações dignas de nota. Palpação abdominal mostra dor inespecífica sem sinais de irritação peritoneal.
Feito gasometria: PH: 7,28, PO2: 86%, PCO2: 26, HCO3: 10. Foi indicado intubação orotraqueal. Antes da intubação paciente informa que ronca muito e tem passado de intubação difícil.
Na visualização da orofaringe foi identificado apenas o palato mole e a base da úvula.
Diante do exposto qual a melhor conduta:
a) Proceder normalmente a intubação orotraqueal convencional sob visualização direta com laringoscopia.
b) Fazer sedação profunda seguida de curarização para facilitar o acesso traqueal.
c) Proceder a intubação com o paciente acordado.
d) Nesse caso está indicado a via aérea cirúrgica, já que esta intubação é muito difícil.
Comentário
A incidência de via aérea difícil é de 5% na população adulta em geral. No entanto, quando ocorre, é sempre um desafio para o médico assistente, pois qualquer dificuldade de acessar a via aérea ou ventilar corretamente o paciente pode ser catastrófica, pois a hipóxia e suas consequências podem ser devastadoras para o paciente.
Toda via aérea deve ser avaliada antes da intubação de forma rotineira, para identificar os pacientes que possam ter critérios de via aérea difícil, seja de intubação ou ventilação difícil.
Na presença de 3 preditores de ventilação difícil + 1 preditor de intubação difícil ou 3 preditores de intubação difícil isoladamente ou ainda, abertura bucal e extensão cervical muito reduzidas, está indicado a intubação com paciente acordado.
A intubação com o paciente acordado é o método mais seguro para controle da via aérea nos casos de via aérea difícil antecipada.
Quando o procedimento é feito por profissionais habilitados e bem realizado não traz desconforto para o paciente.
Nesse caso a via aérea natural é mantida durante todo o procedimento, o que permite bom tônus muscular sem queda da língua, facilitando a visualização da glote, pois a laringe fica em posição mais posterior.
É fundamental a adequada preparação e orientação do paciente (consentimento informado). Deve estar calmo, colaborativo e sem reatividade da laringe a estímulos físicos.
Sob monitorização, suplementação de oxigênio, sedação para promover apenas ansiólise, adequada anestesia tópica com bloqueio dos nervos laríngeos e equipamento adequado, esse é o procedimento mais seguro para o adequado acesso a via aérea com menor risco de hipoxemia, sendo que o padrão ouro é o fibroscópio.
No entanto a intubação com o paciente acordado pode ser perfeitamente realizada com laringoscopia convencional ou intubação retrógrada.
Portanto a intubação com o paciente acordado é o procedimento de escolha para os casos de via aérea difícil antecipada. Letra c.
Resposta certa
Letra C – Proceder a intubação com o paciente acordado.
Referência:
- Vieira, LP. Et al. MAVIT: manejo de vias aéreas e intubação traqueal. Belo Horizonte(MG), 2017; 14:83
- Difficult Airway Society 2015 guidelines for difficult intubation in adults.
Gutemberg Lavoisier da Cruz
Especialista em Clínica Médica e Terapia Intensiva pela AMIB.
Instrutor dos cursos de imersão da SOMITI: MAVIT, ACLS e PVMA.
Representante da SOMITI no Triângulo Mineiro.
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