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A Semana Somiti do Combate à Sepse se aproxima e com ela os debates sobre esse tema tão importante. A sepse é responsável por mais de 6 milhões de óbitos por ano em todo o mundo e para combatê-la é preciso aprofundar os conhecimentos sobre o tema e encontrar soluções para a implementação de protocolos de prevenção e tratamento rápido e eficaz da doença.
O quiz dessa semana é sobre o choque séptico. Não deixe de conferir a bibliografia, ao final, para maior aprofundamento sobre o tema.
Você está preparado para testar seus conhecimentos? Vamos lá!
Questão – choque séptico
No choque séptico, durante uma ressuscitação volêmica guiada US, a mudança do perfil A para B sugere:
a) Pneumotórax
b) Embolia pulmonar maciça
c) Congestão pulmonar
d) Nenhuma das anteriores
Resolução
A avaliação do choque circulatório é um desafio no atendimento ao paciente crítico na sala de emergência.
Dados de literatura evidenciam que os artefatos gerados pela ultrassonografia point-of-care pulmonar são uma ferramenta válida para a confirmação/exclusão de diagnóstico a beira do leito de pacientes críticos.
Neste sentido surgem protocolos que buscam refinar o diagnóstico ultrassonográfico de choque, bem como a terapêutica a ser instituída nestes casos; dentre estes, o protocolo FALLS (Fluid Administration Limited by Lung Sonography) preconiza a identificação de um padrão conhecido por foguetes pulmonares difusos (ou seja, múltiplas linhas B – conforme características bem definidas, artefato conhecido também por cauda de cometa). Sua ausência exclui o edema pulmonar, que na prática clínica significa choque cardiogênico (na maioria dos casos). A identificação de um padrão de linhas horizontais, paralelas a linha pleural e que se repete em intervalos regulares adentro do parênquima pulmonar sugere presença de um pulmão aerado e tais artefatos são denominados linhas A.
Uma vez identificado a ausência deste padrão B, o paciente (FALLS respondedor) tem indicação de reanimação volêmica agressiva. Uma vez que se identifique a melhora clínica determina-se como provável etiologia do choque a hipovolemia. A ausência de resposta clínica sugere que se continue a expansão volêmica, o que eventualmente produzirá sobrecarga fluídica.
Esta condição resulta na mudança do perfil A para o perfil B. O ultrassom pulmonar point-of-care tem a vantagem de evidenciar imediatamente esta mudança de padrão ultrassonográfico que corresponde clinicamente a uma síndrome intersticial em um estágio inicial e infraclínico (FALLS-endpoint). A mudança de linhas A horizontais para linhas B verticais pode ser considerada como um marcador direto de volemia neste uso; por eliminação, esta mudança indica choque distributivo, que na prática atual traduz-se pelo choque séptico.
A principal limitação é a identificação de um perfil B imediatamente à admissão do paciente crítico, consequência a uma patologia pulmonar inicial ou crônica; nesta situação não se consegue inferir a mudança de padrão ultrassonográfico, tornando necessário usar outras ferramentas diagnósticas para propedêutica e terapêutica.
Resposta
Resposta correta: letra C – congestão pulmonar.
Referências
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- Rivers E, Nguyen B, Havstad S, et al. Early goal-directed therapy in the treatment of severe sepsis and septic shock. N Engl J Med 2001; 345: 1368-77.
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