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Uma das tarefas mais importantes a se fazer quando se trata um paciente internado em estado grave é a interpretação de gasometria.
É através desse exame, feito pelo sangue arterial, que os distúrbios ácido-base são identificados.
Se você precisa realizar esse procedimento e tem dúvidas de como ele funciona, confira o artigo a seguir!
O que é e como é feita a gasometria
A gasometria é um exame de sangue feito através da coleta de sangue arterial, com objetivo de analisar os gases presentes, suas distribuições, o pH e o equilíbrio ácido-base no sangue.
Ele é feito por meio do gasômetro – um aparelho que mede o pH e os gases sanguíneos sob a forma de pressão parcial do oxigênio e do gás carbônico.
Os parâmetros principais observados no exame de gasometria são:
- SatO2 (Saturação de oxigênio);
- pCO2 (Pressão parcial do gás carbônico);
- HCO3 (Bicarbonato de sódio);
- pH;
- Ânion Gap (AG)
Além destes, outros parâmetros podem ser observados, como o sódio, o cálcio iônico, o potássio e o cloreto. Quando estes eletrólitos estão fora das taxas fixas, o paciente apresenta o que chamamos de distúrbio hidroeletrolítico.
Por que isso acontece?
No plasma sanguíneo, o sistema tampão bicarbonato-CO2 é composto por HCO3 e CO2. Ele é o principal sistema regulador do pH e evita variações bruscas.
O pH representa a relação entre o bicarbonato e o dióxido de carbono. Dessa forma, quando o HCO3 aumenta, o pH também aumenta, e, quando isso acontece, o meio se torna básico.
Entretanto, quando o pCO2 aumenta, o pH diminui, tornando o meio ácido e isso interfere diretamente no equilíbrio químico!
O equilíbrio químico é formado pelas partes metabólicas (exercidas pelos rins) e pela parte respiratória (exercida pelos pulmões). Sendo assim, se um lado estiver alterado, o outro também estará.
Por exemplo, a compensação respiratória de um distúrbio metabólico é imediata e gera hipo ou hiperventilação. Por outro lado, a compensação metabólica de um distúrbio respiratório pode levar até três dias para acontecer.
O que pode ser analisado com a interpretação de gasometria
O bicarbonato de sódio é a principal base avaliada na gasometria, sendo o bicarbonato standard a principal representação de sua concentração no organismo.
Porém, ele não é a única base. Existem outras que, quando somadas, representam um valor que é o buffer base. Ele é fixo e serve como referência para a soma das bases.
Se as bases forem somadas e não corresponderem ao valor da buffer base, o excesso é a base excess.
A análise da gasometria pode ser dividida em etapas e ela determinará se há distúrbios metabólicos no paciente.
De forma geral, essas etapas são:
1. Determinar se há acidose ou alcalose
Primeiramente, é necessário analisar o pH do sangue. Se o pH for menor que 7,35 há acidose, e se for maior que 7,45 há alcalose.
2. Identificar o distúrbio
Após verificar se o pH está ácido ou alcalino, é preciso entender se o distúrbio primário é metabólico ou respiratório.
Para isso, o médico precisa analisar o HCO3, que é o componente metabólico, e a PaCO2 que é o componente respiratório.
Esses fatores podem, ou não, representar distúrbios mistos.
3. Determinar se há compensação
Na acidose metabólica, a resposta compensatória deve ser uma hiperventilação para reduzir o CO2.
A pCO2 dentro da faixa esperada indica que está acontecendo a compensação e teremos acidose metabólica compensada. Se estiver abaixo do valor mínimo, está acontecendo uma maior hiperventilação e, assim, também existe alcalose respiratória.
Por outro lado, se o valor estiver acima da faixa, o paciente não está hiperventilando como deveria e, por isso, existe associação de acidose respiratória.
Além disso, a acidose metabólica pode ser com ânion gap elevado ou hiperclorêmica. Portanto, é necessário sempre calcular o ânion gap.
Já no caso da alcalose metabólica, a resposta compensatória deve ser a hipoventilação para reter o CO2.
Na acidose respiratória, há dificuldade de ventilação do paciente que leva a hipoventilação e, consequentemente, retenção do CO2. Neste caso, a resposta compensatória é renal e na gasometria haverá elevação do HCO3.
Por outro lado, a alcalose respiratória mostra que o paciente está hiperventilando e expulsando o CO2.
Conclusão
A interpretação de gasometria é muito importante no caso de pacientes graves, portanto, fique sempre atento e faça-a o mais rápido possível. Sua análise pode evitar várias complicações advindas do descontrole do pH corporal.
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