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A ventilação não invasiva ou VNI, vem ganhando espaço no ambiente de Terapia Intensiva, assim como no ambiente de urgência e emergência,
segundo a médica Camila Armond Isoni, coordenadora de UTI do Hospital Lifecenter em Belo Horizonte.
“Há casos em que a VNI é utilizada de forma indiscriminada em pacientes que já estão em insuficiência respiratória e já possuem falência respiratória, o que aumenta a mortalidade”, alerta.
A médica destaca que a VNI beneficia principalmente os pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica agudizada, imunossuprimidos e em processo de desmame.
“A VNI evita que esses pacientes entrem em insuficiência respiratória, assim como a necessidade de uma nova intubação”, afirma Isoni.
Veja abaixo as respostas da médica aos mais frequentes questionamentos sobre a ventilação mecânica não invasiva.
Deve-se fazer VNI em todo paciente com DPOC exacerbado como forma de prevenção da acidose respiratória?
“Não. Neste cenário, a VNI é pouco tolerada e não reduz taxa de intubação e de mortalidade, embora consiga reduzir um pouco o escore de Dispnéia Borg.”
Deve-se fazer VNI em pacientes com acidose respiratória às custas de um pC02 elevado devido a uma exacerbação da doença pulmonar crônica?
“Sim. Evidências científicas apontam que, nesses casos, a VNI é usada como primeira linha de tratamento alternativo à intubação. No entanto, a opção pela ventilação não invasiva sempre deve ser feita de maneira criteriosa.”
Deve-se fazer VNI em paciente que chegou com acidose respiratória crônica, ph menor ou igual a 7,35 e pCO2 acima de 45 mmHg?
“Nesses casos, a VNI é indicada, uma vez que diminui o tempo de internação hospitalar e a incidência de intubação. É possível utilizar a VNI como forma de evitar que o paciente seja intubado.
Quando o paciente chega com certo grau de insuficiência respiratória mas sem estabilidade hemodinâmica, sem bradicardia e sem uma agitação muito grande que demanda sedativos, é possível tentar a VNI.
Geralmente o paciente melhora na primeira hora. Quando isso não acontece, deve-se irrevogavelmente estabelecer via aérea invasiva para esse doente.”
Conforme Isoni, os dois modos ventilatórios de VNI recomendados são pressurizar o sistema como pressão positiva ou fazer o bilevel, sendo este último considerado mais benéfico aos pacientes com DPOC.
“Esses pacientes fazem o aprisionamento aéreo. Com o bilevel, é possível diminuir o trabalho muscular diafragmático”, explica.
Deve-se fazer ventilação não invasiva em casos de edema agudo de pulmão?
Sim, é recomendado, mas com ressalvas. Nesses casos, recomenda-se utilizar pressão de suporte com bipap ou pressurização, sem diferenças em termos de benefícios entre ambos.
“Antigamente, existia a contraindicação, com receio do paciente evoluir com insuficiência coronariana ou aumentar incidência de infarto quando se utilizava o bilevel. Hoje em dia, essa preocupação caiu por terra”, diz.
Vale destacar que os trabalhos neste sentido excluíram pacientes com choque cardiogênico e pacientes com doença coronariana crônica, além de atestaram uma redução da mortalidade hospitalar e da necessidade de intubação. Não houve aumento da incidência de infarto, apesar do receio.
Deve-se usar ventilação não invasiva (bilevel ou cpap) no pré-hospitalar?
“Sim, com as seguintes ressalvas: deve haver uma equipe treinada e uma comunicação do serviço de emergência com a ambulância, o que não é tão simples. Mais uma vez, deve-se observar a melhora clínica do paciente e como o mesmo responde. Ainda não é realidade nos serviços de urgência e emergência de transporte do SAMU.”
Veja também: 10 fatos sobre o desmame da ventilação mecânica.
Deve-se usar VNI em casos de asma?
“Não há recomendação definida, uma vez que existem poucos trabalhos que se debruçam sobre o assunto. Mesmo sem forte recomendação, na prática, acaba-se fazendo VNI em casos assim. A maioria dos pacientes com asma exacerbada acaba respondendo ao tratamento medicamentoso. Poucos terão crise de asma grave que vai demandar intubação orotraqueal e ventilação mecânica.”
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